Grande Desenhistas do Mundo será diferente desta vez, contará, assim como Grandes Desenhistas Brasileiros, um pouco da história do profissional. Neste caso, do pai do mangá moderno, o homem responsável pelos olhos grandes e cabelos pouco tradicionais que vemos em praticamente todo anime: Osamu Tezuka.
Desde cedo inspirado pelo pai (que possuía um retroprojetor onde o filho assistia desenhos de época) e pela mãe (que o levava a apresentações teatrais), o desenhista trouxe esperança para um Japão pessimista pós-guerra e tornou-se um ícone não apenas para seus leitores, mas para toda uma nação, ganhando um museu sobre si e suas obras e inúmeras homenagens que seguem até hoje, mesmo após sua morte.
Os mais de 400 volumes e 80 mil páginas publicadas são tidos por todo mangáka como referencia.
História:
Nascido na cidade de Osaka em 1926 e filho de uma família de classe média, desde cedo Tezuka tendeu ao desenho, e aos 13 anos, inspirado pelos trabalhos de Walt Disney e filmes de Chaplin (a ambição inicial sua era ser animador), ele criava suas primeiras histórias cômicas para os amigos.
Alguns anos mais tarde, um fator foi de grande importância para a vida e sucesso de Tezuka, a guerra e derrota do Japão. Durante esta fase, o desenhista perdeu amigos, fazendo com que ele quisesse ajudar as pessoas de alguma forma. Com este pensamento, em 1947, ele ingressa na faculdade de medicina, mas logo passa a criar suas primeiras histórias para um jornal (sempre visando passar certo otimismo para aqueles tempos difíceis, utilizando para isso fantasia e alegria). Foi também neste ano que lançou seu primeiro sucesso: “Shin Takarajima” (“A Nova Ilha do Tesouro”), que na verdade era um Story Board com balões, possuindo cenas a estilo cinematográfico, algo utilizado até hoje por mangakás. O sucesso vendeu 500 mil cópias.
Na década de 60, surgiram seus maiores sucessos, A Princesa e o Cavaleiro, Kimba, Astro Boy e outros. Aproveitando o sucesso, finalmente chegou ao que queria: fundou a Mushi Production e passou a produzir animação, usando “limited animation”, que visa o mínimo de quadros possíveis (devido aos difíceis recursos).
Um grande pioneiro na animação japonesa, Tezuka foi responsável por várias realizações: em 63, “Tetsuwan Atomu” (Astro Boy), foi ao ar, sendo considerado o primeiro anime e conseguindo 40% da audiência em sua estréia; no ano seguinte, fechou contrato com uma empresa norte americana, exportando sua animação; e em 65, lançou o primeiro anime em cores (vale ressaltar que apesar de levar todas estas considerações, havia outras animações japonesas saindo na época).
No começo dos anos 70, Tezuka passou a produzir roteiros e longas de animação, época na qual surgiram seus animes de teor adulto (sendo Cleópatra o mais conhecido). Em 1973, seu estúdio faliu, assim passou a dedicar-se ao mangá, e cinco anos depois, fundou a Tezuka Production, a qual existe ainda hoje. No fim da década, viajou o mundo conhecendo desenhistas e artes da época (quando se tornou grande amigo de Mauricio de Souza).
A carreira consagrada de Tezuka estava firme em 80, quando recebia prêmios por todo o mundo, e mesmo que o mercado da animação já não estivesse tão presente para o desenhista como há alguns anos, seus mangás continuavam com seu brilhantismo.
Em 1989, o homem que trouxe questões éticas entre robôs e humanos, desenhos de teor adulto e dramas de vida como morte, mesmo em histórias infantis ou cômicas; deixa de viver. Mesmo nos últimos dias de vida, numa cama de hospital, ainda ajudava companheiros do estúdio.
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